HISTÓRIA

A história da região da Serra do Cipó remonta o século XVII, quando esta foi desbravada por sertanistas paulistas que estabeleceram as primeiras fazendas. Passada a euforia inicial da busca do ouro a população da Serra do Cipó e do entorno dedicou-se à agricultura de subsistência, à criação de gado, à produção de cachaça (importante produto regional até hoje), dentre outros produtos.

Entre as manifestações culturais destacavam-se a Folia de Reis, o batuque, os ‘paulistas’, o reisado, o congado e o Candombe. Candombe, misto de canto, declamação cantada e percussão de tambores, praticada por descendentes de escravos, era até poucas dezenas de anos cantado em língua africana, hoje esquecida.

Na culinária tradicional eram utilizados especialmente: ovo de galinha, carne de porco, carne de frango, milho, ora-pro-nobis, quiabo, andu (ou guandu), jiló, feijão-roxinho, urucum, queijo, pimentas e o arroz-vermelho. Entre as plantas aromáticas se destacava o ‘quitoco’, planta ruderal nativa, tempero excelente para pratos salgados, especialmente a carne de porco. Carne de caça variada era constante nas mesas, o que somente foi abandonado a partir do incremento da fiscalização federal, na década de 1980.

Ao lado você pode conferir, especificamente, outros aspectos importantes da história da região, como sua pré-história, os indícios de existência de povos indígenas, o período colonial e as incríveis histórias dos viajantes e naturalistas que por aqui passaram.

Fonte: Celso do Lago Paiva

A região da Serra do Cipó foi palmilhada no século XVII por sertanistas paulistas. As primeiras fazendas foram estabelecidas a oeste da serra ainda no século XVIII. A Fazenda do Cipó, a 3 km da atual sede do Parque Nacional, já existia no início do século XIX. A Estrada Real, que ligava o Rio de Janeiro a Diamantina, foi aberta no início do século XVIII. Ao longo dela cresceram cedo as localidades de Itabira, Itambé do Mato Dentro e Morro de Gaspar Soares (hoje Morro do Pilar, a leste da serra) e Conceição do Mato Dentro ao norte, ligadas à exploração do ouro, que nunca foi abundante na região. A oeste, a localidade de Riacho Fundo (hoje Santana do Riacho) já existia em fins do século XVIII.

As localidades próximas de Taquaraçu de Minas e Jaboticatubas datam do século XVIII. Diversas trilhas e caminhos antigos cruzavam a serra ligando essas localidades a Ouro Preto, Santa Luzia, Sete Lagoas e Itabira. A população da Serra do Cipó e do entorno, passada a euforia inicial da busca do ouro, no século XVIII, dedicou-se à agricultura de subsistência, à criação extensiva de gado vacum e equino (especialmente jumentos e mulas) e à produção de cachaça (importante produto regional até hoje), à criação de porcos e extração de azeite combustível para iluminação e azeite édulo para culinária (de mamona e de macaúba – ‘coqueiro’). Outros produtos regionais eram o milho, o arroz (no século XX), o feijão e a madeira (especialmente de candeia, aroeira e monjolo). Os campos naturais do alto da Serra do Cipó, por serem relativamente úmidos, foram muito utilizados como pastagens nas estações secas, apesar de pouco produtivos.

Autor: Celso do Lago Paiva

Origem do nome Serra do Cipó

Existem duas versões para a origem do nome da Serra do Cipó, desde o século XIX a expressão Serra do Cipó é utilizada para identificar a região onde se encontram localizadas as cabeceiras do rio Cipó afluente do rio das Velhas que pertence a bacia do rio São Francisco, possui um leito sinuoso que se assemelha a um cipó retorcido. E outra versão que diz o nome ter origem em uma mata existente na Serra que conta com uma grande quantidade de cipós.

Importância da região

Marcas em pinturas rupestres deixadas nas inúmeras grutas e paredões rochosos atestam a presença de homens primitivos há mais de 12 mil anos na região, isso fez com que todo esse acervo inestimável fosse considerado um importante sítio arqueológico, conforme constam de inúmeros documentos e pesquisas realizadas principalmente por estudiosos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A serra do Espinhaço inicia próxima a Ouro Preto, no estado de Minas Gerais, e segue em direção à chapada Diamantina no estado da Bahia, sendo, ao longo desse percurso, o divisor de águas entre as bacias dos rios São Francisco, Doce, Jequitinhonha e Mucuri.

Essa região era utilizada pelos bandeirantes, em busca de ouro e pedras preciosas, no município do Serro, e no cobiçado arraial do Tejuco.

Ao longo do século XIX os viajantes europeus ao percorrerem a serra do Espinhaço, embrenhavam-se na serra da Lapa, hoje denominada Serra do Cipó, não só atraídos por suas espetaculares belezas naturais, mas especialmente para conhecer e pesquisar a sua flora e fauna exuberantes.

O clima

O clima da região é tropical de altitude, com temperatura média anual de 21°C. De abril a novembro, período seco é o melhor período para cruzar os rios, tomar banhos e praticar rapel. No restante do ano, chove mais, as cachoeiras ficam mais cheias e a vegetação, mais florida.

Hidrografia

Os rios e cursos d’água pertencentes à Serra do Cipó se dividem em duas bacias hidrográficas: a bacia do Rio São Francisco e a do Rio Doce.

Bacia do Rio São Francisco

Na vertente oeste e sudoeste da Serra do Cipó, os cursos d’água drenam para o Rio Cipó, pertencendo a Bacia do Rio São Francisco. O Rio Cipó é formado pelo encontro dos córregos Mascates e Bocaina, dentro do Parque Nacional. Seu trecho inicial é meandrante, cortando a Vargem Grande e a Vargem das Areias. O rio segue mais ou menos paralelamente à Serra do Cipó até sua foz, em região rica em paredões e pequenas grutas.

Existem planícies nas baixadas do Rio Ci­pó e de seus ribeirões formadores, com la­goas ori­gi­nadas de meandros antigos e re­centes. E a maior concentração de lagoas naturais na região se encontra na Vargem das Areias, várzea de inundação anual Rio Cipó. No interior do Parque Nacional se encontram outras lagoas perenes: Lagoa da Capivara, Lagoa Rasgada, Lagoa da Pedra, Lagoa do Boi, Lagoa Verde, e a maior de todas, a Lagoa Comprida, com cerca de 480 metros de comprimento. Várias dessas lagoas abrigam o jacaré-de-papo-amarelo.

Entre os córregos perenes que nascem na serra e alimentam o Rio Ci­pó em sua margem direita contam-se, como principais: Vaca­ria ou Soberbo, Parauninha, Riachinho e Rio de Pedras. E os que também nascem na Serra e alimentam a margem esquerda do Rio Cipó cita-se o da Serra ou Gordurinha (no limite oeste do Parque) e Zé Coelho (ou dos Coelhos).

Bacia do Rio Doce

Na vertente sudoeste e leste da Serra do Cipó, os cursos d’água pertencem à bacia do Rio Doce. Estes, estão integralmente situados em região de rochas vulcânicas, exceto na própria Serra, na qual domina o quartzito. No extremo norte do Parque, a drenagem é comandada pelo Rio Preto, afluente da margem esquerda do Rio Santo Antônio, este tributário do Rio Doce por sua margem esquerda. Na região central do Parque, a vertente leste da serra é comandada pelos formadores do Rio Preto do Itambé, também afluente da margem esquerda do Rio Santo Antônio.

Da região central do Parque até sua região leste-sudeste-sul, as águas dessa vertente da serra contribuem para o Rio Tanque, afluente da margem direita do Rio Santo Antônio. O Rio do Peixe, afluente esquerdo do Rio Preto do Itambé, tem grande relevância para o Parque Nacional, por passar por um dos seus atrativos mais pitorescos, denominado “Travessão”, que é passo de montanha a 1.000 metros de altitude, divisor das duas grandes bacias hidrográficas estaduais.

Autor: Celso do Lago Paiva